Tomou a tarde fria para si. Para ler e escrever. Mas era sem inspirarão. Ela queria escrever e se perdeu em suas próprias palavras. Tinha uma chave que a levaria para a Terra do nunca....
Assim dou início ao fluido que chegou após abrir a porta.-Tu conhece a Terra do nunca?
-Neverland? Casa do falecido Michael ou a do Peter Pan?
-Não não
-Então não conheço.O que é isso?
-Ela é uma passagem escura para outro lado
-Passagem escura para outro lado?
-Para um mundo que existe e não existe, lá não há nomes os personagens são inventados mais não identificados. As vezes vou...
-Tu tá lá agora?
-Não
-Isso por acaso é do livro lá?
-Não. Quer conhecer?
-Quero. Vai me levar pra lá?
-Hummm. Só não conte pra ninguém onde fica...
-Ok
-Se não ele pode sumir de vez, por ganhar nomes
-Mas o nome não é
Terra do nunca?
-Sim, mas as pessoas gostam de falar demais... Vou pegar a chave!
-Ok
-Preparado?
-Sim
(link)-Welcome!
-Por acaso é um daqueles sons infinitos? Vou dar uma espiada.
-Oras. É a Terra do nunca! Aqui tu pode ver o que quiser. E ser o quiser.
-Eu acho que quero ver você
-Eu to aqui
-O que tu ta vendo?
-Eu to vendo um parque num dia frio com um sol fraco de OUTONO
e tem uns crianças por lá... Eu to sentada num balanço me embalando
-Eu tou vendo um banquinho de madeira, no meio dum gramado. E não tem nada ao redor... só o banquinho embaixo de uma árvore bem pequena.
-Eu to vendo ele do balanço
-Acho que tou sentado nele, ou tou olhando pra ele. Será que posso te ver também?
-Eu to com um papel na mão e um lápis colorido. Eu te vejo
-Então eu te vejo também.
-Tu ta todo de preto com a tua mantinha
-O que tu tá escrevendo?
-Nada aconteceu, nada fluiu ainda.... Tu ta sorrindo de longe
-Faça um desenho então.
-Tu tem borracha para eu apagar o desenho
-Estou sorrindo porque tu parece feliz no teu balanço, parece sem preocupações. Tu quer apagar o desenho?
-É o que tu vee de longe...Caso precisar vou até teu banco
-De repente chegando mais perto eu veja outra coisa. Pode deixar que eu vou.
-Estou desenhando
-Estou andando
-As crianças tão rindo e jogando bola. Tento ver o que está desenhando. Você tem certeza do que está desenhando? O papel parece borrado. Você faz só silêncio... eu estou com medo. Eu olho pro seu rosto, o rosto que aprendi a gostar tanto. E fico me perguntando o que se passa por trás dos teus olhos. Sento na sua frente e fico em silêncio, observando... Esperando.
-Meu lápis não é mágico...

Ele não colorio meu mundo!
-Vejo flores, vejo nuvens, vejo montanhas, vejo o meu longo gramado, vejo uma borboleta.
-O centeio, as flores, as torres, o casulo, e o céu a energia violeta
-Não tenho a melhor interpretação da história.
-Saiu da Terra do nunca?
-Não
-Parece estar vindo uma neblina
-Vieram pensamentos à cabeça, desculpa o deslise.
-As pessoas estão desaparecendo...
-Eu ainda estou ali. E você também. Eu chego perto. Sento ao teu lado. Você não tá sozinha.
-Pedi pra ti desenhar no verso do único papel que tenho. Teu mundo....
Já escuto os rabiscos preenchendo o papel.

-Estou olhando para um chão verde tomado de cinza aguardando. Teu mundo? ou é o que há atrás das minhas montanhas?
-Existem flores, mas existem espinhos, existem montanhas, caminhos tortuosos, mas existem planícies, não existe cor pois quero estar no teu mundo, o qual não colores. E principalmente, não há apenas paisagem, existem pessoas, aquelas que interessam e que nos ajudam a viver nisso. Talvez não o meu mundo, talvez um outro lado do teu que tento criar para mim e para ti.
-Os passáros cantam por ali....
-E a neblina já se desfaz.
-Agora balanço mais rápido....
-O balanço também tem um assento para mim.
-Tu ta no balanço ao lado
-Tento assumir teu ritmo.
-Estou balançando bem alto
-Eu te encontro no alto e olho pra ti. O tempo parece que não nos leva abaixo.
-Eu aponto pro longe
-Aponta para onde? O que vejo?
-Um sol e uma montanha de gelo
-Ele não queima meus olhos.
-Ele ta indo embora, se escondendo atras dela
-Como o gelo resiste?
-Na montanha de gelo mora um sábio. Pergunte a ele!
-Quer ir comigo? Podemos encarar a noite que chega juntos.
-Ele não estara lá quando chegarmos, pois a noite chega rápido
-Então não temos como encontra-lo?
-É difícil de encontrar ele
-O difícil ainda é possível.
-MAS ele estara aguardando tua visita. Ele tem um presente pra te dar...
-E tu vem comigo?
-As borboletas te levaram até lá
-E tu ficará me esperando? Acho que não quero ir sem você.
-Posso mostrar o caminho.... Tu pode ficar com medo ou se machucar, o caminho não é fácil
-Valerá a pena te deixar sozinha, passar por medo e dor, por tal recompensa?
-O sábio te dara uma caixinha
-Você sabe o que há na caixinha?
-A resposta esta lá. Só não deixe ela desaparecer. Certas voam
-É um caminho que tenho que encarar sozinho, através do medo, da dor e das longas distâncias, para saber pq o gelo não derrete e o que há em uma caixa?
-Não te preocupe, tu irá com um casulo protetor
-Qual o nome desse casulo?
-Não tem nome, mas tem cor: violeta
-Tu exerga meu desenho no teu verso?
-Enxergo
-É o meu mapa?
-As borboletas te guiaram
-Então eu irei. E voltarei pra ti. Não te deixarei sozinha no balanço, nunca enquanto desejares minha presença.
-Só tenha cuidado para não passar da montanha!
-Ela parece fácil de identificar vista daqui.
-O centeio é imenso até as montanhas
-Então basta-me seguir sempre em frente. E para ti trarei um buquê de centeio, que nem o frio do inverno, nem o tempo apodrecem.
-O Sábio tem os cabelos e a barba grande de algodão e vestes laranjas
-Não deve ser difícil de reconhece-lo. Como o localizo, quando estiver sob o frio da montanha?
-Tem uma ponte imensa até a entrada da montanha maior de gelo. A hora que entrar tu vai ver uma luz branca seguida de uma rosa, e econtrara o sábio de costas com a tua caixinha. Depois me digas que cores eram a tua caixa e a fita, e é claro o que havia dentro dela.
-Então não demorarei. Desço do balanço e aguardo para a despedida. O caminho será longo, mas estarei de volta. Quero dar-lhe um abraço, talvez mais, talvez estivesse se segurando para não dar-lhe o coração.
-Lhe dou um abraço forte e assim te vejo dentro do casulo violeta, agora. Te cuida!
-Sinto o calor do abraço, a respiração forte de um sentimento que não conseguia compreender. Viro-me em direção à estrada e ao campo de centeio que fora os caminhos até o horizonte. Viro para trás umas três vezes antes de não conseguir ver mais a garota do balanço.
-Leve o desenho em teu bolso para te dar força
-O desenho, apertado dentro de minha mão fechada, é colocado em meu bolso. E sigo meu caminho. Ela sabe que voltarei.
-E eu continuo a me balançar...
Ela sorriu de longe
Ele sorriu também
Seus olhos se encontraram e não se viram mais, ambos desapareciam nos horizontes um do outro. Mas lembraram do último brilho visto. A névoa voltou e tudo foi desaparecendo. O dia estava prestes a acabar e ele precisava se apressar. Nada mais se via. Ele só via centeio. E se esforçava para seguir sempre em frente.
-Aquele foi o começo... o fim do primeiro momento.(Lembrando que ela tem o lápis mas ele a borracha)