sexta-feira, 30 de outubro de 2009

E esses olhos?


Efêmera


Talvez, quando você pensar em mim, eu já não esteja mais em mim, fragmentada pelo ar, espalhada pelo universo, vivenciando experiências que a sua vã filosofia desconhece. Dirão que provoquei esse ato efêmero, pois digo que são ignorantes e cegos, não percebem que já nascemos efêmeros, como o tempo e a natureza, sempre mudando tendendo ao ciclo vicioso do fim ao recomeço.Não se preocupe no fato de ver a minha nova forma, pois seus olhos são incapazes de detectar a minha presença, sendo essa forma inconstante e mutante, como pedaços de fotos recortadas, que se espalham em cima da mesa misturando como um quebra-cabeça.Seja breve ao lembrar de mim, pois as suas lembranças já não são mais verdadeiras, e sim ilusões de um tempo inexistente.Tempo efêmero esse, que provoca dores sem sentido, e despedaça corações. Hoje não sinto mais nada, não dói, não aperta, venho me perguntando: o que é o passado? Não lembro o ontem e não consigo sonhar o amanha, apenas existo sem existir.Não tenha medo, deixe estar.